“Para nós, o mar é a mãe da vida, aquela que nos protege, que nos dá força e nos alimenta.” É nisso que acredita o chef Gerônimo Athuel, chef do restaurante Ocyá, que tem duas unidades no Rio de Janeiro. A da Ilha Primeira, na Barra da Tijuca, foi a escolhida para uma visita feita pelo também chef Onildo Rocha em sua expedição para descobrir histórias e ingredientes para a terceira temporada de seu restaurante paulistano Notiê, Matas & Mares, uma homenagem à Mata Atlântica.
Onildo, que também comanda o Abaru, no mesmo local do Notiê, o Espaço Priceless, no centro de São Paulo, bateu um papo com Gerônimo para entender como é o trabalho do chef, que não só atua na cozinha como sai para pescar o que leva à mesa e também vai ao mercado conversar cara a cara com os pescadores. Em comum, além da paixão pelos ingredientes, os dois chefs buscam se aproximar dos pequenos produtores, e foi isso que Onildo foi fazer no encontro carioca.
“A ideia, no restaurante Notiê, é a gente viajar para os lugares que a gente vai trabalhar, escutar a história das pessoas, porque isso transforma na hora da criação”, afirma Onildo, um apaixonado pela culinária brasileira.
Com Gerônimo, ele descobriu como peixes não tão convencionais, como a ubarana, podem ser usados na gastronomia. Foi conversando com os pescadores que o chef do Ocyá conseguiu fazer com que eles não jogassem fora esses pescados menos comuns.
“A uburana é um peixe que eu gosto muito de trabalhar e que as pessoas não utilizam. Geralmente nem os próprios pescadores levam, embarcam”, afirma Gerônimo. De acordo com ele, de 100 quilos, em média, que os pescadores pescam, de 70 a 80 quilos são peixes nobres, mais conhecidos, e os outros são peixes que os consumidores não querem comprar.
“Eu aprendo muita coisa com os pescadores, obviamente, e também tenho a oportunidade de passar informação que vai transformar o dia a dia, que eles vão conseguir monetizar alguma coisa que antigamente era descarte”, completa o chef.
Desta forma, Gerônimo, que pesquisa técnicas de conservação e maturação de peixes e frutos do mar, vem priorizando a pesca consciente e seletiva, ponto que também dialoga com o trabalho de Onildo.